domingo, 28 de julho de 2013

O Rei, o Sufi e o Cirurgião



O Rei, o Sufi e o Cirurgião

Em épocas remotas, um Rei da Tartária passeava acompanhado de alguns nobres quando um abdal (um sufi errante) na beira estrada gritou: - “Um bom conselho em troca de cem dinares”.
O Rei parou e disse: - “Abdal, que conselho é esse por cem dinares”?
“Senhor”, respondeu o abdal, “mande que me entreguem a quantia, e lhe direi imediatamente”.
O Rei atendeu, esperando ouvir algo extraordinário. O dervixe lhe disse: - “Este é o meu conselho: Não comece a fazer nada antes de pensar em como isso vai terminar”.
Os nobres e presentes acharam graça, dizendo que o abdal tinha feito bem em pedir o seu pagamento adiantado. Mas o Rei falou: - “Não há motivo para rir do bom conselho do abdal. Ninguém ignora o fato de que devemos pensar muito antes de fazer alguma coisa. Mas, diariamente, não nos lembramos disso, e as consequências são perniciosas. Gostei muito do conselho desse dervixe”.
O Rei, decidido a não se esquecer jamais do conselho, mandou gravá-lo em letras douradas nas paredes e também na sua salva de prata.
Não muito tempo depois, um conspirador subornou o cirurgião da corte prometendo-lhe o posto de primeiro ministro se usasse um bisturi envenenado quando fosse aplicar uma sangria no Rei.
Na hora da sangria trouxeram uma salva de prata para recolher o sangue. De repente o cirurgião leu a frase gravada: “Não comece a fazer nada antes de pensar em como isso vai terminar”.  Foi aí que ele entendeu que, se o conspirador se tornasse Rei poderia mandar matar o cirurgião na mesma hora, e não precisaria cumprir sua parte na barganha. O Rei vendo o cirurgião tremer, quis saber o que estava acontecendo. E o médico confessou a verdade na hora.
O conspirador foi preso e o Rei, mandando chamar todos os que tinham escutado o conselho do abdal, disse, “Ainda riem do dervixe”?
Caravan of dreams, Idries Shah, 1968

Planeje tudo, veja todas as consequências, os desvios, as interferências, e especialmente, saiba quando parar.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Acomodação



Acomodação

Um visitante chegou à casa de um velho lavrador. Em frente à porta da sua casa encontrava-se sentado um dos seus cães. Era evidente que o cão não estava contente, que algo o incomodava e o irritava, já que ladrava e se queixava sem parar. Depois de uns minutos vendo o evidente estado de incomodidade e dor que o animal exibia, o visitante perguntou ao lavrador o que poderia estar acontecendo ao pobre animal.
— Não se preocupe e nem lhe preste atenção? Respondeu o lavrador. Esse cão está há vários anos na mesma.
— Mas... Nunca o levou a um veterinário para ver o que pode estar acontecendo?  Perguntou o visitante.
— Oh, não! Eu sei o que é que o incomoda. O que acontece é que é um cão muito preguiçoso?
— E o que tem isso que ver com as suas queixas?
— É que, justamente onde ele está encostado, encontra-se a ponta de um prego que sobressai do chão, que o pica e o incomoda cada vez que ele se senta, e é por isso que ladra e se queixa.
— Mas, então, porque ele não vai para outro lugar?
— Porque, com certeza, o prego o incomoda o suficiente para se queixar, mas não o suficiente para se mexer!
Acho que o texto fala por si só... Quantas pessoas nós conhecemos que fazem exatamente o mesmo que o cão do lavrador?

Qual é a tua acomodação que te faz sofrer, mas não tens coragem de mudar... De se mexer?

terça-feira, 11 de junho de 2013

Aladim e a lâmpada maravilhosa (re-leitura)



Scheherazade foi genial em entreter o Sultão e preservar sua cabeça com os Contos das Mil e umas noites, mas uma re-leitura moderna da lenda de Aladim poderia ser assim... (Contribuição de Renato Antunes Oliveira)

Aladim caminhava por uma viela estreita e escura quando um cálido brilho no chão chamou sua atenção.
Aproximando-se, viu que era uma lâmpada.
Estava a olhá-la por vários ângulos quando viu sob a poeira algo que parecia ser algum escrito.
Passou a mão no local e subitamente uma grande luz branca começou a surgir do bico da lâmpada.
Aladim assustou-se e deixou cair a lâmpada, enquanto uma grande forma humana masculina ia se formando no espaço antes vazio.
Ao invés de terminar em pés, suas pernas se afunilavam na direção do bico da lâmpada.
A forma algo fantasmagórica flutuava envolta por uma aura oscilante.
Antes que Aladim pudesse sequer avaliar a situação, a forma disse com voz grave e firme :
-- Sou o Gênio da Lâmpada, e você tem direito a um desejo.
Recobrando-se, Aladim compreendeu logo a situação e, sem questionar porque era um só desejo, já ia dizendo algo quando o Gênio continuou :
-- Mas há três condições.
Três condições ? Onde já se viu gênio ter condições para atender desejos ?
Aladim continuou ouvindo.
-- Primeira condição : o que quer que você deseje, deve se realizar antes em sua mente.
Aladim já ia perguntar o que isto queria dizer, mas o Gênio não deixou :
-- Segunda condição : o que quer que você deseje, deve desejar integralmente, sem conflitos.
Desta vez Aladim esperou.
-- Terceira condição : o que quer você deseje, deve ser capaz de continuar desejando para continuar a ter.
Aladim, ansioso por dizer logo o que queria, fez o primeiro desejo assim que pôde falar :
-- Eu quero um milhão de dólares !
-- Já se imaginou tendo um milhão de dólares ?
Aladim agora entendera o que queria dizer a primeira condição.
Na mesma hora vieram à sua mente imagens de si mesmo nadando em dinheiro, comprando muitas coisas, Mas ao se imaginar, questionou-se se teria que compartilhar parte do dinheiro com pobres ou outras pessoas.
Aí entendeu a segunda condição, e percebeu que seu desejo não poderia ser atendido.
Aladim então buscou então algum desejo que poderia ter sem conflitos.
Pensou, pensou, buscou e por fim disse ao Gênio :
-- Senhor Gênio, eu quero uma companheira bela, sábia e carinhosa.
Aladim tinha se imaginado com uma mulher assim e sentiu que aquilo ele queria de verdade, sem qualquer conflito.
O Gênio fez um gesto e de sua mão saiu um feixe de luz esverdeada na direção do coração de Aladim.
Este teve uma alucinação, como um sonho, de estar vivendo com uma mulher bela, sábia e carinhosa por vários anos.
E viu-se então enjoado, não a queria mais depois de tanto tempo.
Voltando à realidade, Aladim lembrou-se das cenas e viu que aquele desejo também não poderia ser atendido.
Entristeceu-se, pensando que jamais poderia querer e continuar querendo algo sem conflitos.
Algo aparentemente aconteceu.
O rosto de Aladim iluminou-se, e ele se empertigou todo para dizer ao
Gênio que já sabia o que queria.
-- Sim? O Gênio foi lacônico. Aladim completou, em um só fôlego :
-- Eu desejo que você me dê a capacidade de realizar os desejos que eu imaginar em minha mente sem conflitos !
Final 1
O Gênio estendeu uma das mãos e, projetando um jato de luz multicolorida em Aladim, transformou-o em um Gênio da Lâmpada.
Final 2
Algo inesperado aconteceu : o Gênio foi se soltando da lâmpada, formaram-se duas pernas completas no seu corpo e ele desceu devagar até finalmente apoiar-se no chão, em frente a Aladim, que o olhava com um ar interrogador.
-- Obrigado, disse o Gênio, sorridente.
Estava escrito que eu seria libertado quando alguém pedisse algo que já tivesse ! 

O Tesouro de Bresa



O Tesouro de Bresa

Há uma história muito interessante, chamada "O Tesouro de Bresa", onde uma pessoa pobre compra um livro com o segredo de um tesouro. Para descobrir o segredo, a pessoa tem que decifrar todos os idiomas escritos no livro.
Ao estudar e aprender estes idiomas começam a surgir oportunidades na vida do sujeito, e ele lentamente (de forma segura) começa a prosperar. Depois ele precisa decifrar os cálculos matemáticos do livro. É obrigado a continuar estudando e se desenvolvendo, e a sua prosperidade aumenta. No final da história, não existe tesouro algum - na busca do segredo, a pessoa se desenvolveu tanto que ela mesma passa a ser o tesouro.
O profissional que quiser ter sucesso e prosperidade precisa aprender a trabalhar a si mesmo com muita disciplina e persistência. Vejo com frequência as pessoas dando um duro danado no trabalho, porque foram preguiçosas demais para darem um duro danado em si mesmas. Os piores são os que acham que podem dar duro de vez em quando. Ou que já deram duro e agora podem se acomodar.
Entenda: o processo de melhoria não deve acabar nunca. Acomodação é o maior inimigo do sucesso!!!
Por isso dizem que a viagem é mais importante que o destino. O que você é acaba sendo muito mais importante do que o que você tem. A pergunta importante não é "quanto vou ter?", mas sim "no que vou me transformar?" Não é "quanto vou ganhar?", mas sim "quanto vou aprender?". Pense bem e você notará que tudo o que tem é fruto direto da pessoa que você é hoje. Se você não tem o suficiente, ou se acha o mundo injusto, talvez esteja na hora de rever esses conceitos.
O porteiro do meu prédio vem logo à mente. É porteiro desde que o conheço. Passa 8 horas por dia na sua sala, sentado atrás da mesa. Nunca o peguei lendo um livro. Está sempre assistindo à TV, ou reclamando do governo, do salário, do tempo. É um bom porteiro, mas em todos estes anos poderia ter se desenvolvido e hoje ser muito melhor do que é. Continua porteiro, sabendo (e fazendo) exatamente as mesmas coisas que sabia (e fazia) dez anos atrás. Aí reclama que o sindicato não negocia um reajuste maior todos os anos.
Nunca consegui fazê-lo entender que as pessoas não merecem ganhar mais só porque o tempo passou. Ou você aprende e melhora, ou merece continuar recebendo exatamente a mesma coisa. Produz mais, vale mais? Ganha mais. Produz a mesma coisa? Ganha a mesma coisa. É simples. Os rendimentos de uma pessoa raramente excedem seu desenvolvimento pessoal e profissional. Às vezes alguns têm um pouco mais de sorte, mas na média isso é muito raro.
É só ver o que acontece com os ganhadores da loteria, astros, atletas. Em poucos anos perdem tudo. Alguém certa vez comentou que se todo o dinheiro do mundo fosse repartido igualmente, em pouco tempo estaria de volta ao bolso de alguns poucos. Porque a verdade é que é difícil receber mais do que se é.
Como diz o Jim Rohn, no que ele chama do grande axioma da vida: "Para ter mais amanhã, você precisa ser mais do que é hoje". Esse deveria ser o foco da sua atenção. Não são precisos saltos revolucionários, nem esforços tremendos repentinos. Melhore 1% todos os dias (o conceito de "kaizen"), em diversas áreas da sua vida, sem parar.
Continue, mesmo que os resultados não sejam imediatos e que aparentemente superficialmente pareça que não está melhorando. Porque existe, de acordo com Rohn, um outro axioma: o de não mudar: "Se você não mudar quem você é, você continuará tendo o que sempre teve".

Se você seguir os mesmos caminhos, ou os mesmos comportamentos, só conseguirá os mesmos resultados...

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Criatividade e acabativa



Criatividade e acabativa

Isto é um teste de personalidade que poderá alterar a sua vida. Portanto, preste muita atenção.
Iniciativa é a capacidade que todos nós temos de criar, iniciar projetos e conceber novas ideias. Algumas pessoas têm muita iniciativa e outras têm pouca.
Acabativa é um neologismo que significa a capacidade que algumas pessoas possuem de terminar aquilo que iniciaram ou concluir o que outros começaram. É a capacidade de colocar em prática uma ideia e levá-la até o fim.
Os seres humanos podem ser divididos em três grupos, dependendo do grau de iniciativa e acabativa de cada um: os empreendedores, os iniciativos e os acabativos - sem contar os burocratas.
- Empreendedores são aqueles que têm iniciativa e acabativa. Um seleto grupo que não se contenta em ficar na ideia e vai a campo implantá-la.
- Iniciativos são criativos, têm mil ideias, mas abominam a rotina necessária para colocá-las em prática. São filósofos, cientistas, professores, intelectuais e a maioria dos economistas. São famosas as histórias de economistas que nunca assinaram uma promissória. Acabativa é o ponto fraco desse grupo.
- Acabativos são aqueles que gostam de implantar projetos. Sua atenção vai mais para o detalhe do que para a teoria. Não se preocupam com o imenso tédio da repetição do dia-a-dia e não desanimam com as inúmeras frustrações da implantação. Nesse grupo está a maioria dos executivos, empresários, administradores e engenheiros.
Essa singela classificação explica muitas das contradições do mundo moderno.
Empresários descobrem rapidamente que ficar implantando suas próprias ideias é coisa de empreendedor egoísta. Limita o crescimento. Existem mais pessoas com excelentes ideias do que pessoas capazes de implantá-las. É por isso que empresários ficam ricos e intelectuais, professores - entre os quais me incluo - morrem pobres.
Se Bill Gates tivesse se restringido a implantar suas próprias ideias teria parado no Visual Basic. Ele fez fortuna porque foi hábil em implantar as ideias dos outros - dizem as más línguas que até copiou algumas.
Essa classificação explica porque intelectual normalmente odeia empresário, e vice-versa. Há uma enorme injustiça na medida em que os lucros fluem para quem implantou uma ideia, e não para quem a teve. Uma ideia somente no papel é letra morta, inútil para a sociedade como um todo.
Um dos problemas do Brasil é justamente a eterna predominância, em cargos de ministérios, de professores brilhantes e com iniciativa, mas com pouca ou nenhuma acabativa. Para o Brasil começar a dar certo, precisamos procurar valorizar mais os brasileiros com a capacidade de implantar nossas ideias.
Tendemos a encarar o acabativo, o administrador, o executivo, o empresário como sendo parte do problema, quando na realidade eles são parte da solução.
Iniciativo almeja ser famoso, acabativo quer ser útil.
Mas a verdade é que a maioria dos intelectuais e iniciativos não tem o estômago para devotar uma vida inteira para fazer dia após dia, digamos bicicletas. O iniciativo vive mudando, testando, procurando coisas novas, e acaba tendo uma vida muito mais rica, mesmo que seja menos rentável.
Por isso, a esquerda intelectual e a direita neoliberal conviverão as turras, quando deveriam unir-se.
Se você tem iniciativa, mas não tem acabativa, faça correndo um curso de administração ou tenha como sócio um acabativo. Há um ditado chinês, "Quem sabe e não faz, no fundo, não sabe" - muito apropriado para os dias de hoje.
Se você tem acabativa, mas não tem iniciativa, faça um curso de criatividade, estude um pouco de teoria. Empresário que se vangloria de nunca ter estudado não serve de modelo.
No fundo, a esquerda precisa da acabativa da direita, e a direita precisa das iniciativas da esquerda.
Finalmente, se você não tem iniciativa nem tampouco acabativa, só se pode dizer uma coisa: meus pêsames. 

União com fé, desarmados, acreditando nas nossas ideias, deixando de lado as diferenças de ideologias... Todos podem ser criativos e acabativos... E, todos, seremos melhores.